Para mim é um privilégio diário partilhar o meu conhecimento na costura que começou depois dos 30 anos com todas as meninas/ senhoras que decidem fazer a formação de costura no projeto das Oficinas do Saber.
Muitas sabem costurar maravilhosamente e a mim compete ensinar novas técnicas e apresentar novos utensílios de costura que elas não conheciam ou não sabiam como utilizar. Tenho também o imenso privilégio de ensinar a muitas como mexer numa máquina de costura pela primeira vez e o orgulho imenso de anos depois perceber que colocaram no seu quotidiano a costura. O meu objetivo principal é sempre ensinar um projeto que lhe tenha utilidade, que elas possam usar.
O tempo é sempre curto nestas aulas, para partilhar o que sei mas principalmente para aprender mais sobre elas, sobre as suas experiências de vida, sobre o marido, os filhos, os netos, as alegrias e tristezas, sobre o muito que trabalharam na vida, no campo e no esforço que fizeram para criar as suas famílias.
Existem histórias de vida mais duras que outras mas vejo grandes sorrisos e principalmente motivação para aprenderem. Saio sempre com a sensação de que deveria ter dado mais atenção, que me deveria ter multiplicado mais vezes para que todas tenham a minha atenção, mas venho sempre de coração cheio.
Aprendo garantidamente muito mais com elas do que acho que elas aprendem comigo. Vejo que para elas a idade é um número, que por ser considerado “velho” no cartão do cidadão não se é velho na vontade aprender novas coisas. A sede de conhecimento não terminou e a vontade de estarem ativas ainda mais.
Por: Ana Rita Gonçalves.